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Na zona mista após a vitória sobre o Londrina por 3 a 1, o herói da tarde de sábado foi questionado sobre detalhes dos movimentos que o time faz para turbinar a bola aérea, principal responsável pela quarta vitória consecutiva do Inter na Série B. Klaus, transformado em artilheiro ao marcar dois gols, sorriu antes de responder cuidadosamente, preocupado em não entregar detalhes:
– Estes movimentos são treinados, por isso a gente usa os treinos fechados. São armas que podemos usar daqui para frente, então é fechado.
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Foi com a artilharia aérea trabalhada pela comissão técnica – vários jogadores citaram os treinos comandados pelo auxiliar André Luís como decisivos para os gols – que o Inter superou a recorrente dificuldade de criação em jogos no Beira-Rio e chegou ao triunfo que consolidou o bom momento. Klaus e Cuesta foram os autores dos gols. Com o resultado, a equipe se mantém na vice-liderança, a três pontos do América-MG. E já abre cinco pontos para o Juventude, quinto colocado e primeiro time fora da zona do acesso.
Nos mais difíceis momentos na Série B, o Inter era cobrado, entre outras questões, por não conseguir arrancar bons resultados em atuações pobres. Entre os possíveis atalhos para os três pontos que a equipe não aproveitava estava a bola aérea. Nos últimos jogos, ela se transformou em arma poderosa: dos oito gols de cabeça que o Inter marcou na competição, cinco foram nas últimas quatro rodadas.
A tarde de sábado no Beira-Rio pode servir como espécie de guia do que fazer para superar dificuldades na Série B. A torcida, distensionada pelos resultados recentes e em clima leve pela véspera do Dia dos Pais que levou muitas famílias ao estádio, apoiou mais do que criticou. O time correu muito para exercer uma forte pressão no início do jogo. Quando o ânimo do começo esfriou e os problemas recorrentes de criação se escancararam – agravados por uma forte marcação individual do volante Bidía em D'Alessandro –, o jogo se resolveu pelo alto. Assim que o placar ficou definido, o Inter percebeu os benefícios de se jogar com confiança: nos minutos finais, finalmente apresentou bom futebol.
– A pressão não existe mais. Um erro gera um aplauso. Um aplauso, uma motivação. A participação da torcida é fantástica. O processo foi mudando. Isto é o que faz uma equipe cada vez mais forte. Essa confiança os jogadores passam para o torcedor, e o torcedor retribui. Eles vão se soltando e a equipe vai crescendo – comemorou Guto Ferreira após a partida.
Com clima tranquilizado pelas vitórias, Guto pode seguir o trabalho para construir um time que não precise da bola alta, mas a tenha como mais uma de suas armas. Poderá, no próximo sábado, quando a equipe sai para enfrentar o ABC, repetir a escalação pela quarta vez. Se o treinador optar pela continuidade, Camilo, destaque a partir do momento em que entrou no segundo tempo no lugar de D'Alessandro, continuará no banco de reservas.
– Estamos pensando jogo a jogo. Contra o Guarani, jogaram os dois (Camilo e D'Alessandro) juntos numa parte do jogo. Cada jogo tem uma história, um tipo de necessidade. A importância do jogador não é quem começa, é quem está dentro de campo trabalhando pelo todo. E isso independe de quanto tempo estará dentro de campo.
Enquanto o Inter define escalações e estratégias, ajusta detalhes e procura ser uma equipe de futebol melhor, vai escapando de seu momento mais sombrio. Boa parte da calmaria se deve a essa artilharia aérea que não produz gols de placa, mas ajuda a vencer até que o time seja forte o suficiente para encantar.
* ZH Esportes