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Rescaldos da sétima fase da Operação Leite Compen$ado, desencadeada na semana passada, surgiram nesta quinta-feira. Mais quatro envolvidas no esquema que adicionava água e sal ao produto para aumentar o volume e, consequentemente, o lucro, foram presas em Erechim, no norte do Estado.
Os mandados de prisão preventiva das quatro funcionárias do posto de resfriamento Rempel, de Jacutinga, foram solicitados ontem e cumpridos hoje pela manhã. As detenções foram pedidas pelo Ministério Público do Estado após depoimentos de motoristas de transportadoras que confirmaram a suspeita do envolvimento de funcionários de laboratórios.
Leite adulterado chegou a indústrias do RS, SC e PR
"Essa alteração é muito comum", diz especialista
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Conforme a investigação, ao analisarem as cargas recebidas, as funcionárias aceitavam o descarregamento do leite e a remessa à indústria mesmo identificando problema de qualidade. Segundo o promotor de Justiça Mauro Rochenbach, elas mascaravam os resultados dos testes:
- Essas mesmas funcionárias chegavam a incentivar os motoristas a colocarem uma certa quantidade de água nos compartimentos dos tanques que não seria detectada em exame algum.
Conforme o promotor, os depoimentos indicaram que água era acrescentada ao leite também nos silos do posto de resfriamento - não somente pelos transportadores. Depois de acrescentar água, as funcionárias realizavam testes para verificar se o produto seguia no padrão aceitável. Caso contrário, colocavam outras cargas de leite para diluí-lo e fazer com que a adulteração passasse despercebida.
Nos depoimentos, motoristas das transportadoras chegaram a citar expressões comuns entre eles quando constatavam a adulteração no silo: "lá vai mais cem, lá vai mais 200", diziam.
As funcionárias foram encaminhadas ao presídio de Erechim. Na quarta-feira da semana passada, 16 pessoas foram presas por envolvimento no esquema. O posto Rempel prestava serviços à empresa BRS, que anunciou o cancelamento do contrato.
Entenda como funcionava a adulteração do leite:
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Sete fases da Operação Leite Compen$ado
Desde maio do ano passado, 37 pessoas foram presas e 43 denunciadas por adulteração de produto alimentício.
Sete pessoas foram condenadas nas comarcas de Ibirubá e Horizontina, com penas que variam entre dois e 18 anos de prisão em regime fechado. Veja quem são os condenados:
João Cristiano Pranke Marx, 18 anos e 6 meses de reclusão (regime fechado)
Daniel Riet Villanova, 11 anos e 7 meses de reclusão (regime fechado)
Larri Lauri Jappe, 10 anos (regime fechado)
Angélica Caponi Marx, 9 anos e 7 meses de reclusão (regime fechado)
João Irio Marx, 9 anos e 7 meses de reclusão (regime fechado)
Alexandre Caponi, 9 anos, 3 meses e 12 dias de reclusão (regime fechado)
Paulo César Chiesa, 2 anos e 1 mês de reclusão (regime semiaberto)
As ações civis coletivas de consumo contra as pessoas físicas e jurídicas envolvidas na raude já contabilizam 117 bens indisponibilizados, sendo 90 veículos e 27 imóveis, avaliados em aproximadamente R$ 10 milhões.
* Zero Hora