
A expectativa do Daer era de que, no início deste ano, 250 municípios gaúchos pudessem contar com máquinas de autoatendimento para compra de passagens. Ficou apenas na expectativa. A única rodoviária que tem o equipamento é a mesma que serviu de teste: a de São Leopoldo, no Vale do Sinos. E o retorno é baixíssimo.
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Funcionando desde setembro de 2013, o terminal de autoatendimento é responsável por menos de 1% do montante de 105 mil passagens vendidas por mês na estação da cidade. Apenas 350 tíquetes são vendidos na máquina a cada 30 dias. Nos primeiros três meses de testes, a média chegou a ser de 700 bilhetes, mas caiu pela metade logo após o equipamento passar a aceitar apenas cartão de débito como forma de pagamento.
Mesmo estando em local visível, de fácil acesso e bem sinalizado, o autoatendimento não parece ser um opção para os usuários. ZH entrevistou 50 passageiros que estavam na rodoviária de São Leopoldo e apenas uma manifestou interesse.
-Eu achei bem fácil usar o terminal, mas fazer débito de R$ 2,50 não me parece plausível - afirma a dona de casa Yasmin Rafaela Alves, de 21 anos.
O autoatendimento vende bilhetes apenas para destinos intermunicipais. Em São Leopoldo, a maioria dos passageiros procura por tíquetes para cidades do eixo metropolitano. O usuário pode, via terminal, escolher o horário da saída e a localização do assento. O sistema usado pelo equipamento é o mesmo que os caixas físicos utilizam.
Na tentativa de otimizar e melhorar as vendas do autoatendimento, o Daer e a administração da rodoviária estudam alternativas. Uma delas seria colocar equipamentos em outros locais da cidade para fazer com que o usuário chegue ao terminal de embarque já com o bilhete.
-Estamos em conversação com uma empresa de ônibus para que ela coloque um equipamento em sua estação na Unisinos. Um local onde estão estudantes, abertos a novas ideias, pode ser uma boa opção - explica o gerente administrativo da rodoviária de São Leopoldo, Júlio Lara.
Levando em consideração os problemas apontados no município de teste, o Daer afirma que com esse modelo de negócio não será viável usar o autoatendimento em outras cidades, principalmente, em locais onde a venda de passagens não chega a R$ 4 mil por mês. O custo mensal para manutenção do equipamento pode chegar a R$ 2 mil.
Segundo o diretor de Transportes Rodoviários do Daer, tecnicamente o terminal é viável, mas financeiramente não. O custo de aquisição de um equipamento varia de R$ 15 mil a R$ 60 mil, dependendo do modelo (o que aceita dinheiro é mais caro devido ao sistema de segurança).
* Zero Hora