
O número de pessoas fora de casa devido às cheias no Rio Grande Sul caiu conforme o balanço da Defesa Civil estadual divulgado às 11h - passou de 21.928 para 15.092. Destes, 1.491 estão desabrigados e 13.601 estão desalojados.
No momento, a situação mais crítica é a de Itaqui, na Fronteira Oeste, onde 9.780 moradores tiveram de sair de suas residências. Em São Borja, na mesma região, a contagem aponta 2.900 pessoas fora de casa. São 99 municípios afetados (42 em situação de emergência e dois em estado de calamidade pública).
Apesar da trégua da chuva nos últimos dois dias - insuficiente para que o nível dos rios baixassem -, o retorno da instabilidade nesta quinta-feira coloca os municípios que já sofrem pela enxurrada em alerta. Deve continuar a chover até domingo, o que pode contribuir para novas cheias. Mesmo quando parou a chuva, o nível do Rio Uruguai seguiu alto porque a água de afluentes chega à Fronteira Oeste. Segundo o geólogo e professor da UFRGS Antonio Pedro Viero, a instabilidade ocorrida em toda a região da bacia catarinense e gaúcha junta-se às registradas nas próprias cidades com cheias, aumentando o nível do rio.
Nesta quarta-feira, o Rio Uruguai estava 12,30 metros acima do nível normal em Itaqui. Em São Borja, 17 metros acima e, em Uruguaiana, quase 12 metros a mais. A enchente já é considerada uma das mais graves na Bacia do Rio Uruguai, conforme a Defesa Civil do Estado - sendo comparada à histórica cheia de 1983.
- Quando chove no norte de Santa Catarina e no norte do Rio Grande do Sul, os rios desaguam no Rio Uruguai e as águas descem. Elas demoram a chegar, mas, em quatro dias, atingem a Fronteira Oeste. O nível está estabilizado em São Borja, subiu um pouco mais em Itaqui e, em Uruguaiana e Barra do Quaraí, deve começar a subir mais durante dois dias. É que os municípios são muito distantes - explica o coordenador da regional da Defesa Civil em Uruguaiana, capitão Gerson Corrêa de Mello.
O secretário-chefe da Casa Militar e coordenador estadual de Proteção e Defesa Civil, coronel Oscar Luis Moiano, está à frente do cargo desde 2011. Segundo ele, é a pior cheia enfrentada pelo Rio Grande do Sul na sua gestão.
- Não tivemos nenhuma pior, em especial na Bacia do Rio Uruguai. Enfrentamos enchentes nos vales do Caí, Taquari e Sinos, mas no Uruguai não havíamos tido nada tão expressivo - afirma Moiano.
Homem encontrado em Arroio do Tigre pode ser vítima da chuva
Um homem de 56 anos pode ser a segunda vítima da chuva que atinge o Rio Grande do Sul há 10 dias, com pouco tempo de trégua. Depois de cinco dias de buscas, moradores de Arroio do Tigre, no Vale do Rio Pardo, encontraram um corpo que seria de Eracildo Luiz Assmann. Em Jacutinga, no Norte, José Lindomar da Silva, 40 anos, sumiu em um rio também quando retornava da casa de parentes, na noite da última sexta-feira.
RS encaminhará decreto coletivo de emergência
Uma reunião com o ministro Francisco José Coelho Teixeira (Integração Nacional), na manhã desta quinta-feira, definiu que será encaminhado decreto coletivo de emergência para os municípios com situação de emergência homologada pela Defesa Civil.
- O compromisso que assumimos é que, nesta sexta-feira, com as informações que reunimos nos encontros de trabalho com os municípios, temos condições de remeter à Secretaria Nacional de Defesa Civil e ao Ministério este plano de trabalho - afirma o titular do gabinete dos Prefeitos e Relações Federativas, Jorge Branco.
Por que a cheia continua?
Parou de chover, mas o nível do Rio Uruguai está alto porque a água de afluentes agora começa a chegar à Fronteira Oeste. O geólogo e professor da UFRGS Antonio Pedro Viero explica que a chuva ocorrida em toda a região da bacia catarinense e gaúcha junta-se às registradas nas próprias cidades com cheias, aumentando o nível do rio.
Maior cheia das últimas três décadas
Enxurrada como a deste ano não era vista no Rio Grande do Sul desde 1983, que atingiu cidades como Itaqui, Iraí, São Borja e Uruguaiana. Confira abaixo galeria de fotos da época.
Veja imagens das cheias deste ano, que deixam milhares de pessoas fora de casa, principalmente no Norte e na Fronteira Oeste.
Em Itaqui, casas tiveram de ser removidas de dentro do rio: