Evandro Wirganovicz foi chamado de assassino por moradores de Três Passos
Foto: Mauro Vieira/Agência RBS

Ao chegar para a audiência, na manhã desta terça-feira, no Foro de Três Passos, a delegada que concluiu o inquérito do Caso Bernardo, Caroline Bamberg Machado, disse que a Justiça recebeu na semana passada um vídeo periciado no telefone de Leandro Boldrini que revelaria que o médico e a madrasta do menino, Graciele Ugulini, não só sabiam que Bernardo era agredido em casa como ridicularizavam as reclamações dele.
De acordo com a delegada, as imagens são "reveladoras" e demonstram ameaças que o garoto sofria dentro da própria casa. Isso contraria a tese da defesa do pai de que ele não fazia ameaças e não teria envolvimento no assassinato. Essa prova pericial foi juntada ao processo, e outros elementos são aguardados.
- O vídeo demonstra bem o comportamento do pai em relação ao filho. É bem revelador. Nele, o Bernardo fala em diversos momentos que é agredido. Leandro Boldrini presenciava as agressões. O menino era ameaçado de morte dentro da própria casa - conta Caroline.
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Zero Hora conversou com uma escrivã da Polícia Civil que transcreveu o conteúdo do vídeo em documento enviado à Justiça. Ela conta que Graciele disse ao enteado:
- Vamos ver quem vai para baixo da terra primeiro.
A frase teria sido dita durante uma briga na residência da família, na qual Boldrini estaria presente. Devido aos gritos desesperados do menino, a Brigada Militar foi chamada ao local. Fonte consultada por ZH contou que o médico deletou as imagens do celular depois da morte de Bernardo, mas técnicos do Instituto-Geral de Perícias (IGP) conseguiram recuperar.
De acordo com a delegada, as imagens reforçam a acusação:
- Elas demonstram bem o comportamento de Boldrini dentro da casa. Inclusive com várias ameaças da Graciele na frente do pai, ameaças de morte. Ainda há perícias para vir, de outros telefones e acesso à internet, e quebras de sigilo bancário. Com certeza, ele (Boldrini) presenciava os maus-tratos dentro de casa e também maltratava o guri. Não é só omissão. Desde o início eu venho falando isso, que ele tem participação. Ele sabia, foi um dos mentores do crime, temos certeza absoluta disso.
O advogado de Boldrini, Jader Marques, disse que só se manifestará após audiência e reclamou que não teve acesso às imagens referidas pela delegada.
Por volta das 9h, Evandro Wirganovicz - acusado de ter ajudado a cavar a cova em que Bernardo foi enterrado, às margens de um rio em Frederico Westphalen - chegou ao local e foi hostilizado, com gritos de "assassino". A irmã de Evandro, Edelvânia Wirganovicz, presa por ter ajudado a madrasta no crime, apareceu no foro cerca de 20 minutos depois e foi recebida com gritos de "bruxa" e "assassina".
A audiência que ocorre desde a manhã desta terça-feira, no Foro de Três Passos, reúne 35 testemunhas que residem na cidade. Elas prestam depoimento em frente aos irmãos Edelvânia e Evandro, detidos por envolvimento no crime. É a primeira audiência do caso. Ao todo, 77 pessoas falarão antes do julgamento, em Júri Popular ou não, ainda sem data prevista.
Conforme a Justiça, a data do julgamento de Edelvânia e Evandro Wirganovicz, Leandro Boldrini e Graciele Ugulini ainda não está definida. O Ministério Público arrolou 25 testemunhas, e as defesas, 52.

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