
Acusado de comandar um esquema de corrupção na Petrobras, Paulo Roberto Costa manteve frequentes contatos com a estatal mesmo após deixar o cargo de diretor de Abastecimento, em 27 de abril de 2012, conforme indicam dados das quebras de seu sigilo telefônico.
Mesmo sem vínculo formal, Costa recebeu ao menos 228 ligações de telefones da companhia entre maio daquele ano e 20 de março de 2014, quando foi preso pela Polícia Federal, durante a Operação Lava-Jato. De um ramal da companhia em Macaé (RJ), foi feita, no dia da prisão, uma ligação de 14 minutos.
As ligações partiram de oito números em nome da Petrobras no Rio de Janeiro, sede da estatal, em Salvador e em Macaé, para dois números de Costa no Rio de Janeiro e na cidade do interior fluminense.
Ex-diretor da Petrobras diz que recebeu propina de R$ 1,5 milhão
Revista divulga nomes de políticos delatados por ex-diretor da Petrobras
O ex-diretor cumpre prisão domiciliar no Rio desde quarta-feira, como parte de um acordo de delação premiada. Em troca de redução de pena, ele deu detalhes do esquema de corrupção na Petrobras e aceitou devolver recursos recebidos de forma ilícita no exterior.
À PF e ao Ministério Público Federal (MPF), Costa admitiu ter recebido propina na compra, pela estatal, da Refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), e afirmou que fornecedores da petrolífera pagavam "comissão" para conseguir contratos arranjados.
A maioria dos telefonemas listados nas quebras de sigilo foi feita da Petrobras em Macaé, onde a companhia mantém plataformas de extração de petróleo.
Os relatórios listam ainda 16 telefonemas da Petros, fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, feitos para o genro de Costa, Márcio Lewkowicz. O número de origem é geral, da portaria da sede da Petros.
Confira todas as notícias sobre a Operação Lava-Jato
Leia as últimas notícias de Zero Hora
Costa renunciou sob elogios
Costa renunciou à Diretoria de Abastecimento da Petrobras em 27 de abril de 2012, sob elogios do Conselho de Administração, que destacou seus "relevantes serviços prestados à companhia". Em seguida, abriu empresas que, segundo a Polícia Federal, eram usadas para desvio de recursos da petrolífera.
Em delação premiada, após ser preso pela PF, Costa contou que um consórcio de empresas obteve contratos na Petrobras mediante o pagamento de 3% sobre os negócios. Parte deste dinheiro era repassada a políticos, segundo os depoimentos. Os recursos eram lavados pelo doleiro Alberto Youssef, acusado de operar um esquema que teria movimentado R$ 10 bilhões.
