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Duas operações da Polícia Civil nesta semana reforçam a preocupação de autoridades da Segurança Pública com o roubo e o furto de veículos no Rio Grande do Sul - crimes que tiveram aumento de 10,25% nos primeiros nove meses do ano e assustam a população. Segundo os investigadores, os grupos desarticulados entre quinta e sexta-feira foram responsáveis por uma média de 78 ataques por mês - sem contar os casos não confirmados. No Estado, ladrões somem com 2,7 mil veículos a cada 30 dias, em média, conforme estatísticas deste ano do governo do Estado.
Ao fechar o cerco contra essas quadrilhas, a Polícia Civil também ataca outros crimes relacionados ao roubo de veículos. A Operação Trinca-Ferro, realizada na quinta-feira, concluiu que o bando de José Carlos dos Santos, o Seco, utilizava carros e caminhões roubados e furtados para trocar por drogas.
Quadrilhas que torturavam vítimas com choque elétrico são presas
Bando comandado por Seco de dentro da Pasc é desarticulado
Guilherme Wondracek, chefe da Polícia Civil, afirma que o roubo de veículos é o delito mais preocupante, junto aos homicídios. Embora diga que não há como precisar o impacto das últimas operações no atual cenário, o delegado ressalta que as ações visam a redução das atividades criminosas:
- Os desmanches legais também são uma boa iniciativa para inibir os desmanches clandestinos. Já há uma legislação para isso.
Conforme o titular da 2ª Delegacia da Polícia Civil de São Leopoldo, Mario Souza, não existe uma quadrilha que domina esses crimes no Rio Grande do Sul - seriam diversas organizações orquestrando o comércio ilegal de carros.
- O foco hoje é o ladrão de rua, aquele que rouba à mão armada. Atrás dele, na espera, tem os receptadores e os que fazem extorsão e clonagem - detalha Souza.
Diretor do Departamento de Polícia Metropolitana (DPM), Vicente Nunes salienta que investidas da corporação estão voltadas, principalmente, para a Região Metropolitana.
- O modus operandi dos bandidos é um risco potencial à vida. Talvez seja o crime que mais preocupa a sociedade - explica o delegado.
Nunes acredita que mais de cem ladrões podem ser presos até a semana que vem, quando novas operações devem ser realizadas. De acordo com ele, "é um duro golpe" na articulação dos bandos.
O professor Miguel Tedesco Wedy, doutor em Direito Penal, analisa que as grandes operações, quando conseguem atingir as quadrilhas organizadas, são relevantes por impactar na estrutura de poder no crime. Em casos de roubo e furto de veículos, Wedy sustenta também a importância de coibir a receptação.
- Quanto menos impunidade houver, menor será o número de crimes. Neste aspecto, pode ser bom - diz o professor, um dos coordenadores do curso de Direito da Unisinos.
*Zero Hora