Até aqui, o governo está perdendo a batalha da comunicação no tema do transporte aeromédico. Para uma população comovida com a tragédia do menino argentino que caiu da sacada do hotel em Capão da Canoa, a mocinha da história é a médica Rossana de Carli, que requisitou o helicóptero. No papel de vilão, está o secretário João Gabbardo, por dizer que a criança poderia ter sido trazida para Porto Alegre em uma UTI móvel e que a médica tentou de todas as maneiras criar uma situação de exigência do helicóptero.
Novo helicóptero de socorro médico já está em Porto Alegre
Só a transparência total sobre o processo mostrará quem tem razão. No programa Gaúcha Atualidade, Gabbardo insinuou que a equipe responsável pelo Samu aeromédico usou o caso do menino argentino para tentar reverter a decisão do governo de substituir os profissionais contratados pela Futura, uma organização social sem fins lucrativos, por médicos e enfermeiros do quadro do Estado.
Leia todas as colunas de Rosane de Oliveira
Leia as últimas notícias de Zero Hora
O secretário colocou sob suspeita a forma pela qual o serviço é operado. O Estado repassa dinheiro para a prefeitura de Imbé, que faz convênio com a Associação dos Municípios do Litoral Norte e esta firma uma parceria com a Futura, que contrata os médicos e enfermeiros.
A Secretaria da Saúde pediu ao Tribunal de Contas e ao Ministério Público Estadual que investiguem a legalidade do convênio. O deputado e ex-secretário Osmar Terra questiona a falta de transparência e o fato de o médico Maicon Vargas ter sido, ao mesmo tempo, coordenador do Samu como servidor público, e responsável técnico pelo serviço aeromédico, contratado pela Futura.
Uma planilha com timbre da Futura mostra que em outubro Maicon recebeu R$ 9,1 mil como coordenador técnico do Samu Aeromédico, mais R$ 5,2 mil como médico. Sua mulher, a enfermeira Camila Cardoso Selau, aparece na lista da Futura com remuneração de R$ 8,2 mil.
Maicon Vargas garante que não há irregularidade no convênio.
Opinião
Rosane de Oliveira: transparência obrigatória
Leia a abertura da coluna Política+ desta quinta-feira
GZH faz parte do The Trust Project
- Mais sobre: