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Operação Lava-Jato

Cunha diz que está sereno e que foi "escolhido" para denúncia

Presidente da Câmara dos Deputados foi denunciado pela PGR ao STF nesta quinta-feira, ao lado do senador Fernando Collor de Mello

José Cruz / Agência Brasil
O presidente da Câmara Federal, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), está a um passo de se tornar réu num rumoroso processo de corrupção

Em nota, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse que está absolutamente sereno e refutou "as ilações" das denúncias apresentadas na tarde desta quinta-feira pela Procuradoria Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Dizendo-se inocente e aliviado por já ter o assunto aos cuidados do Judiciário, Cunha afirma que foi escolhido para ser investigado e para ser denunciado. "Não participei e não participo de qualquer acordão e certamente com o desenrolar assistiremos à comprovação da atuação do governo, que já se propôs à recondução do procurador (Rodrigo Janot), na tentativa de calar e retalhar a minha atuação política", aponta no comunicado.

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Cunha ainda diz respeitar o Ministério Público Federal, mas destacou que não se pode confundir trabalho sério com "trabalho de exceção". Para o peemedebista, soa estranho a denúncia ser divulgada às vésperas de protestos organizados pelo PT, cujo objetivo, segundo ele, é de atacá-lo. "Também é muito estranho não ter nenhuma denúncia contra membro do PT ou do governo, detentor de foro privilegiado", completou.

Cunha, que segue em seu gabinete recebendo parlamentares aliados, diz na nota que a série de escândalos envolvendo a Petrobras foi patrocinada pelo PT e por seu governo. E que não seria possível "retirar do colo deles e tampouco colocar no colo de quem sempre contestou o PT" as denúncias.

A PGR acusa Cunha de receber propina de US$ 5 milhões para viabilizar a construção de dois navios-sondas da Petrobras. Na denúncia, Janot pede a condenação do parlamentar pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva. Em valores corrigidos, a Procuradoria pede a devolução de US$ 80 milhões (ou R$ 277 milhões).

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Confira a íntegra da nota de Eduardo Cunha

Estou absolutamente sereno e refuto com veemência todas as ilações constantes da peça do Procurador Geral da República.

Sou inocente e com essa denúncia me sinto aliviado, já que agora o assunto passa para o poder judiciário.

Como eu já disse anteriormente, fui escolhido para ser investigado e, agora, ao que parece, estou também sendo escolhido para ser denunciado, e ainda, figurando como o primeiro da lista. Não participei e não participo de qualquer acordão e certamente, com o desenrolar, assistiremos à comprovação da atuação do governo, que já propôs a recondução do Procurador, na tentativa de calar e retaliar a minha atuação política.

Respeito o Ministério Público Federal, como a todas as instituições, mas não se pode confundir trabalho sério com trabalho de exceção, no meu caso, feito pelo Procurador Geral. E, ainda, soa muito estranho uma denúncia divulgada às vésperas de manifestações vinculadas ao Partido dos Trabalhadores, que tem, dentre seus objetivos, o de me atacar.

Também é muito estranho não ter ainda nenhuma denúncia contra membro do PT ou do governo, detentor de foro privilegiado.

A evidência de que essa série de escândalos foi patrocinada pelo PT e seu governo, não seria possível retirar do colo deles e tampouco colocar no colo de quem sempre contestou o PT, os inúmeros ilícitos praticados na Petrobrás.

Estou com a consciência tranquila e continuarei realizando o meu trabalho como Presidente da Câmara dos Deputados com a mesma lisura e independência que sempre nortearam os meus atos, dentro do meu compromisso de campanha de ter uma Câmara independente. Esclareço ainda, que meu advogado responderá sobre os fatos específicos referidos na denúncia.

Em 2013, por outro motivo, fui denunciado pelo Ministério Público Federal. A denúncia foi aceita pelo pleno do Supremo Tribunal Federal por maioria e, posteriormente, em 2014 fui absolvido por unanimidade. Isso corrobora o previsto na Constituição Federal, da necessidade do Princípio da Presunção da Inocência.

Por fim, registro ainda que confio plenamente na isenção e imparcialidade do Supremo Tribunal Federal para conter essa tentativa de injustiça.

 

 

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