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Recuperando-se do atropelamento que sofreu na noite de sexta-feira (11), durante uma operação policial em Santana do Livramento, a delegada regional Ana Luiza Tarouco afirma que em momento algum pensou que o pior poderia acontecer. Ela diz que, mesmo com ferimentos, a vontade dela era levantar-se e correr para prender a quadrilha que avançou com um carro sobre ela.
– Foi muito rápido. Ele ia passar de novo por cima de mim se os colegas não atirassem. Mas enquanto eu estava no chão, não pensava no pior. Eu só pensava nos meus colegas e que precisávamos pegar aqueles que fomos pegar – comenta a delegada, que está na Polícia Civil gaúcha desde 2010.
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Três pessoas estavam dentro do Corsa envolvido no incidente. O grupo era investigado por fazer um esquema de tele-entrega de cocaína na região. Um das pessoas é uma ex-estagiária do Instituto Geral de Perícias do município, que agia junto com o namorado – ele que teria avançado sobre a delegada. O motorista virou o veículo para a esquerda e acelerou, enquanto a delegada se virou para não ter as duas pernas atingidas. Mesmo assim, uma das rodas do carro passou por cima da perna esquerda da vítima.
– Ele acelerou o máximo. Eu estava olhando pra ele e ele olhando para mim, mas foi tudo muito rápido. Quando os colegas atiraram, ele reduziu a velocidade e aí saiu, tanto é que o pneu traseiro passa bem perto do meu ombro – lembra a policial.
Os quatro colegas que estavam com a delegada atiraram contra os pneus do carro, que reduziu a velocidade e foi parado em seguida. Ainda houve troca de tiros entre bandidos e policiais. Um dos suspeitos foi baleado, mas não corre risco de morrer. Todos foram presos. A quadrilha, segundo a polícia, é de jovens que começavam a se estabelecer na região.
A delegada diz que ficou com várias escoriações pelo corpo, mas nenhuma fratura, o que surpreendeu a equipe médica, e gerou brincadeira entre os colegas, que a apelidaram de "Mulher Elástico" e de "Dama de Ferro". Para a delegada, nada muda na sua atividade na polícia, apesar de ela ficar mais alerta daqui para frente.
– Faz parte do nosso trabalho na polícia. Quando saímos de casa, sabemos que podemos não voltar. Tenho uma equipe fantástica que trabalha comigo e me ajudou a voltar para casa. Há ainda o cara lá de cima que, por certo, ora pelos policiais – agradece a policial.