
A decisão da Câmara dos Deputados de barrar a denúncia contra o presidente Michel Temer por corrupção passiva é a mais recente vitória do peemedebista diante de uma série de percalços que o seu governo vem enfrentando desde 12 de maio do ano passado, quando o Senado deu início ao processo de impeachment contra Dilma Rousseff.
Relembre, em 27 episódios, a trajetória de altos e baixos do governo Temer:
12 de maio de 2016

Por 55 votos favoráveis e 22 contrários, o Senado aprovou a abertura de processo de impeachment contra Dilma Rousseff. Imediatamente, a petista foi afastada de seu mandato, e Michel Temer assumiu como presidente em exercício.

17 de maio de 2016

O anúncio da nova equipe econômica de Temer, comandada pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, animou o mercado. Empresários receberam bem o time de executivos e pesquisadores de perfil liberal apresentado pelo governo.
23 de maio de 2016

Temer sofreu a primeira baixa no primeiro escalão após a divulgação de um diálogo gravado pelo ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, com o então ministro do Planejamento, Romero Jucá (PMDB-RR). Na conversa, Jucá fazia referência a um "pacto" para deter a Lava-Jato e sugeria mudanças para "estancar a sangria" provocada pela operação. Horas depois, anunciou o seu afastamento do cargo.
15 de junho de 2016

Em delação premiada, Sérgio Machado afirmou que Temer solicitou recursos ilícitos para a campanha de Gabriel Chalita (à época, no PMDB) para a prefeitura de São Paulo, em 2012. O presidente negou a acusação.
16 de junho de 2016

Então ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) pediu demissão depois de ser citado na delação de Sérgio Machado. O ex-presidente da Transpetro disse que pagou a Alves R$ 1,55 milhões em propina entre 2008 e 2014.
31 de agosto de 2016

Passados três meses e 19 dias como presidente interino, Temer assumiu definitivamente o comando do país com a conclusão do julgamento do processo do impeachment contra Dilma pelo Senado.

18 de novembro de 2016

O governo entrou em nova crise após o pedido de demissão de Marcelo Calero, então ministro da Cultura. Calero justificou sua saída pela pressão que teria sofrido do ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), para a liberação da construção de um edifício residencial no centro histórico de Salvador. Geddel era proprietário de um apartamento no prédio, que teve a construção embargada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Uma semana depois, Geddel pediu demissão diante da repercussão do caso.
31 de março de 2017

O presidente sancionou o projeto de lei reivindicado por empresários que regulamenta a terceirização no país. A medida ocorreu no momento em que o governo sentia-se pressionado para aprovar as reformas que havia prometido na posse.
11 de abril de 2017

Edson Fachin, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a abertura de inquéritos com base nas delações da Odebrecht, que atingiram diretamente o governo Temer. Foram instauradas investigações contra oito ministros do presidente (entre eles, Eliseu Padilha e Moreira Franco). Depoimentos de executivos também implicaram Temer. Marcelo Odebrecht, por exemplo, confirmou repasses milionários via caixa 2 para a chapa Dilma-Temer na campanha presidencial de 2014.

3 de maio de 2017

O governo conseguiu aprovar o texto da reforma da Previdência em comissão especial na Câmara dos Deputados. Foram 23 votos favoráveis e 14 contrários, exatamente conforme esperava o Planalto. Assim, a tramitação da proposta, uma das principais promessas de Temer, avançou na Casa.
12 de maio de 2017

Ao completar um ano na Presidência, Temer comemorou melhorias na área econômica. A inflação caiu pela metade e a cotação do dólar e a taxa de juro reduziram. Porém, mais de 14 milhões de brasileiros seguiam desempregados.
17 de maio de 2017

Temer viu-se mergulhado na mais profunda crise política de seu governo após a divulgação de conversa com o sócio da J&F Joesley Batista – o diálogo integra a delação da JBS . Em encontro fora da agenda, no Palácio do Jaburu, Temer teria dado aval para a compra do silêncio de Eduardo Cunha e indicado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) para interceder junto aos interesses da JBS no governo. Em vídeo gravado pela Polícia Federal (PF), Rocha Loures aparece saindo de uma pizzaria em São Paulo com uma mala com R$ 500 mil em propina. O dinheiro, segundo a investigação, seria destinado a Temer.

3 de junho de 2017

Rocha Loures, que já havia sido afastado da Câmara pelo STF, foi preso por determinação de Fachin. Em um dos conteúdos da delação da JBS, ele aparecia negociando propina.

6 de junho de 2017

Homem do núcleo de confiança de Temer, Henrique Eduardo Alves foi preso pela PF em desdobramento das delações da Odebrecht. Nessa etapa, estavam sendo investigados os crimes de corrupção ativa, passiva e lavagem de dinheiro na construção da Arena das Dunas, em Natal.
9 de junho de 2017

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) absolveu, por quatro votos a três, a chapa Dilma-Temer de acusações de irregularidades na campanha de 2014. Com a decisão, Temer ganhou fôlego em meio à crise provocada pelas delações da JBS e garantiu a sua manutenção na Presidência.
23 de junho de 2017

Temer embarcou para a Europa para compromissos internacionais. Porém, o que era para ser uma viagem para buscar investimentos e demonstrar normalidade em meio à crise política transformou-se em uma sucessão de gafes. Entre elas, o presidente soube que a Noruega reduziria pela metade o repasse de dinheiro para o fundo de proteção da Amazônia e ouviu da primeira-ministra norueguesa, Erna Solberg, demonstração de preocupação com os escândalos de corrupção no Brasil.
26 de junho de 2017

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou ao STF denúncia contra Temer e Rocha Loures por corrupção passiva. Além de pedir as condenações, Janot também solicitou que ambos perdessem seus cargos públicos e pagassem indenização por "danos morais coletivos" que, somada, chega a R$ 12 milhões. Assim, Temer tornou-se o primeiro presidente da República denunciado por corrupção passiva no exercício do cargo.

28 de junho de 2017

Renan Calheiros (PMDB-AL) anunciou que estava deixando a liderança do partido no Senado e acusou o governo Temer de tratar a legenda como "um departamento do Poder Executivo". Calheiros também disse que "não ter vocação para marionete" e afirmou que Eduardo Cunha ainda exercia forte influência no Planalto.
29 de junho de 2017

Temer deixou de lado o tradicional compromisso de nomear o candidato mais votado internamente pelo Ministério Público Federal (MPF) e indicou Raquel Dodge como nova procuradora-geral da República. Na prática, o presidente tentou esvaziar a denúncia apresentada por Janot e mandar o recado para o atual procurador-geral da República de que o seu mandato estava próximo do fim.
30 de junho de 2017

Fachin decidiu converter a prisão preventiva de Rocha Loures em regime domiciliar. A liberação do "homem da mala" levou alívio ao governo Temer. Isso porque, em Brasília, havia a expectativa de que Rocha Loures firmasse acordo de colaboração premiada, abalando ainda mais o Planalto.
6 de julho de 2017

A informação de que Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso na Lava-Jato, tem se dedicado a esboçar um acordo de delação premiada agravou a preocupação do governo Temer. Segundo jornais, Cunha já teria rabiscado mais de cem anexos. Além do ex-deputado, o Planalto também teme uma delação do doleiro Lúcio Funaro, que envolveria diretamente o presidente e seus principais ministros.
7 de julho de 2017

Aliado de Temer, Geddel Vieira Lima foi preso pela PF em operação que investiga irregularidades na liberação de créditos da Caixa. Segundo as investigações, Geddel e Cunha teriam atuado na liberação de ao menos R$ 1,2 bilhão em empréstimos em troca de propina.

13 de julho de 2017

Dois dias após a aprovação pelo Senado, o presidente sancionou o projeto de lei da reforma trabalhista, proposta do governo que altera em mais de cem pontos a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Para Meirelles, a medida representou um "um marco" nas leis de trabalho.
13 de julho de 2017

Geddel Vieira Lima deixou o Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, onde estava preso pela Lava-Jato, após a Justiça determinar a sua prisão domiciliar – um alívio para o governo, que temia uma eventual delação premiada.
13 de julho de 2017

Na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o governo Temer conseguiu derrubar o relatório do deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ), favorável ao prosseguimento da denúncia de Janot, e aprovar um parecer pela sua rejeição. O texto alternativo contesta a acusação de que Temer teria cometido crime de corrupção passiva.

25 de julho de 2017

Pesquisa realizada pelo instituto Ipsos mostrou que a reprovação de Temer chegou a 94%. Dois dias depois, levantamento do CNI/Ipobe apontou que somente 5% dos brasileiros consideram o governo bom ou ótimo, enquanto 70% acham ruim ou péssimo. Assim, Temer conseguiu um recorde negativo que, antes, pertencia ao ex-presidente José Sarney, que atingiu apenas 7% de avaliação positiva em 1989.
02 de agosto de 2017

Em nova demonstração de força, a despeito da rejeição popular, Temer conseguiu sepultar, na Câmara dos Deputados, a denúncia por corrupção passiva apresentada contra si pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Por 264 favoráveis a 227 (com duas abstenções e 19 ausências), os deputados não autorizaram o Supremo Tribunal Federal (STF) a decidir se o presidente seria ou não processado criminalmente.
