
Ao som de uma roda de samba, regado à cerveja e abastecido com coxas de galinha assadas em tonéis que fizeram as vezes de churrasqueira, um ato bem humorado fez oposição aos protestos em defesa ao impeachment de Dilma e à intervenção militar: o "coxinhaço" em defesa da democracia, da tolerância e da alegria. A mobilização se concentrou na esquina das ruas Lima e Silva e República, na Cidade Baixa, em Porto Alegre.
Por volta das 18h, cerca de 30 pessoas se reuniam no local - o número de participantes parecia maior, porém, já que se confundia com o público que bebericava nas mesas dos bares espalhadas pelas calçadas. Cada coxinha saía por R$ 2, mas o alimento também era distribuído de graça se o faminto não tivesse dinheiro.
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Entre os promotores do ato - que, a exemplo do ocorrido em março e abril, se tornou tradicional na cidade em dias de protestos contra o governo federal -, está o Bloco da Diversidade. Para os organizadores, o objetivo é promover "a tolerância, a democracia e a liberdade de expressão".
Foto: Caco Konzen / Especial - Brincamos que as nossa coxinhas tiveram aula de história para não causar indigestão. A pessoa que defende a ditadura não pode conhecer a história, porque muita gente, inclusive quem era favorável em 1964, sofreu e teve suas próprias liberdades castradas - apontou o publicitário Matheus de Castro, 27 anos, um dos coordenadores do Bloco da Diversidade. - Sobre a corrupção, ninguém a defende, mas nunca políticos foram presos e estão sendo julgados como agora. Talvez, essas pessoas que estão contra Dilma tenham medo de ter seus privilégios cortados pelo combate à corrupção como nunca houve - completou.

Entre os participantes do "coxinhaço", predominavam jovens. No ato, se via uma bandeira do PC do B e outra com o rosto da presidente Dilma Rousseff e os dizeres "coração valente". A mobilização contou com apoio de sindicatos: o dos metalúrgicos ficou responsável por assar as coxinhas, enquanto o dos bancários cuidava do carro de som.
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- Acho importante marcarmos posição e fazermos uma crítica bem humorada e alegre aos movimentos "do lado de lá", que tentam impor uma agenda conservadora de retrocesso no país: fazem uma crítica a todos aqueles que ascenderam socialmente nos últimos 12 anos, tentam impor uma agenda de redução da maioridade penal e uma indignação seletiva da corrupção. De alguma forma, temos que combater - avaliou o professor de História Vicente Schneider, 25 anos.
* Zero Hora