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Na próxima semana, a Carris fará um pregão presencial para a instalação de câmeras de segurança em todos os 371 ônibus da frota até o final do ano. Cada veículo vai receber quatro câmeras. Posicionados nas portas de entrada e saída, em frente ao cobrador e atrás do motorista, os equipamentos devem permitir a cobertura total do que ocorre dentro e fora dos veículos.
- Um dos pré-requisitos é que as câmeras sejam instaladas em um prazo de 150 dias a partir da assinatura do contrato. Todas serão instaladas até o final do ano - prevê Cirilo Faé, diretor-técnico da Carris.
Atualmente, 10 ônibus da empresa circulam com as câmeras de segurança, seis da Linha S1 Aeroporto/Hoteis, e quatro que operam linhas diversas. Os dispositivos armazenam as imagens em cartões com 32 gigabytes de memória, que são substituídos diariamente. Quando o ônibus volta para a garagem, o conteúdo do cartão é transferido para outro equipamento.
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A expectativa da empresa é de que a implantação do sistema provoque uma redução drástica em assaltos, beneficiando passageiros, motoristas e cobradores. Até o momento, nenhum assalto foi registrado nos veículos com câmeras, sinalizados com adesivo no vidro dianteiro. Outra consequência aguardada, aponta o diretor, é que o uso de imagens ajude no diagnóstico de outras ocorrências, como acidentes de trânsito. Os custos com indenizações por processos contra a Carris foram de R$ 1,4 milhão em 2013, segundo Cirilo. Adesivo no vidro frontal alerta sobre câmeras no veículo
Foto: Fernanda Leal, PMPA, Divulgação
- Ocorreu um acidente em um ônibus que está com câmeras, que estava operando a linha T3, em 20 de junho, e as imagens foram determinantes para provar que o nosso motorista não teve culpa - exemplifica o diretor-técnico.
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Os registros das câmeras poderão ser usados para apurar se reclamações de usuários são procedentes, - como no caso de o motorista acelerar o veículo enquanto o cliente está entrando ou saindo dele-, e permitirão um maior controle do cumprimento (ou descumprimento) da tabela horária. A Carris quer monitorar todas as imagens de todas as linhas. Para isso, contará com equipes de 10 pessoas trabalhando por turno.
A empresa que vencer o pregão ficará responsável pela manutenção das câmeras por três anos, e com prazo máximo de 24 horas para consertar ou repor equipamentos com avarias. O edital com detalhamento do processo pode ser consultado em "Licitações", no site da Carris, ou na sede da empresa, na Rua Albion, 385, bairro Partenon.
"É uma medida paliativa", diz funcionário da Carris
Luis Afonso Martins, delegado sindical da Carris, afirma que a adoção do uso de câmeras não é decisiva para diminuir assaltos a ônibus. O aumento da segurança é uma reivindicação de motoristas e cobradores, que tem provocado mobilizações.
- Estamos bem céticos. Todos os dias, há assaltos a postos de gasolina, por exemplo. O uso de câmeras não coíbe o assalto. Precisamos é de ação forte da Brigada Militar - argumenta Luis Afonso.
Na semana passada, ocorreram dois assaltos, nas linhas T3 e T4, e nesta quarta-feira, mais um, na linha T6. Os números da Expresso Veraneio (Evel), empresa de transporte metropolitano coletivo e seletivo que atua fazendo percursos entre Viamão e Porto Alegre, inspiraram a Carris para adotar as câmeras. Eduardo Boff Soares, gestor operacional da Evel, afirma que, desde a implantação de câmeras de segurança, quatro por veículo, os números de assaltos e furtos foram reduzidos.
- A média era de sete a oito assaltos por mês. Agora, é cerca de um por mês. Nos últimos 90 dias, foram quatro assaltos. Os resultados surgiram do uso das câmeras e também das ações da Brigada Militar - aponta.
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Em relação às outras linhas que funcionam na cidade, dos 1.332 ônibus operados pelos consórcios STS, Conorte e Unibus, apenas 104 têm câmeras, de acordo com a Associação dos Transportadores de Passageiros de Porto Alegre (ATP). A assessoria de imprensa do órgão não soube apontar, no entanto, qual seria o número por consórcio, nem quando foram adotados os aparelhos.
Na Região Metropolitana, de acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários da Região Metropolitana, Mauro Sezar Santos, as câmeras, em implantação em algumas empresas ajudam no reforço da segurança.
- Tem assaltante que não está nem aí. Mas as câmeras inibem bastante. Mas somos contra elas serem usadas para controlar os funcionários - ressalta.