
Sem alternativas corretas nem matrizes de referência, a redação destoa de todas as demais provas - e, no caso do Enem, vem imiscuída entre Matemática e Linguagens e Códigos. Diferentemente das questões objetivas, na produção de um texto não há exercícios a fazer ou conteúdos a estudar: para praticar, só mesmo escrevendo - e lendo - muito, e com qualidade.
Estudantes explicam como fazer uma boa redação no Enem
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Colocar as ideias no papel exige, antes de tudo, que se pense de maneira crítica sobre temas relevantes para a vida em sociedade. A leitura dos textos motivadores contribui para a compreensão do que é solicitado, mas dificilmente basta: é preciso conhecer ao menos os principais aspectos do problema de antemão - e ter refletido a respeito certamente ajuda.
Ainda que a proposta exata seja sempre um mistério, os aspectos gerais do que é cobrado não guardam qualquer segredo: os alunos precisam se posicionar sobre questões sociais importantes, que podem afetar diretamente suas vidas. Foi assim em 2013, com o questionamento sobre os efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil; foi assim no ano anterior, com o movimento imigratório para o Brasil no século 21 como temática.
- O grande objetivo da redação é fazer com que milhões de jovens reflitam sobre um problema nacional. O desafio está em eles encaminharem um texto coerente, curto, demonstrando que pensaram na questão: não de forma utópica, mas entendendo aquilo como um problema para eles também - define Luísa Canella, professora de redação no Unificado.
Nesta reta final, Luísa destaca que não é necessário se preocupar tanto com o tema da redação, cogitando o que pode ou não cair. E dá a dica: até atividades de lazer podem ajudar na hora de explorar abordagens que, mesmo não sendo cobradas na prova, ajudam o aluno a pensar criticamente. Um exemplo está nas novelas, que geralmente apresentam polêmicas e levantam discussões na sociedade.
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Da cabeça para a folha do mundo para a cabeça
Na hora de passar as ideias para o papel, é essencial colocar a proposta em perspectiva, sustentar uma intervenção e desenvolver argumentos que reforcem seu ponto de vista - não necessariamente nessa ordem. A solução que o Enem cobra não precisa surgir apenas na conclusão, ainda que seja esse um caminho comum. A professora Cristiani Basso Fernandes, que leciona produção textual no Colégio Marista São Pedro, de Porto Alegre, explica que a estrutura do texto não é engessada, mas deve sempre conter as mesmas seções básicas.
- O aluno precisa mostrar que entendeu o tema, explicar o que sabe a respeito, emitir uma opinião e propor uma intervenção. Acho mais fácil seguir essa sequência, mas não há uma fórmula, até porque a autoria é bastante importante - garante Cristiani.

Dentro da proposta de texto dissertativo-argumentativo, exigido pelo exame, é importante o autor saber se posicionar e convencer o leitor de que suas ideias são válidas. Para Luísa, é preciso também prestar atenção para não correr o risco de simplesmente apontar o problema, sem refletir sobre ele.
- Escrever somente sobre a necessidade de conscientização é algo vazio, e tenho visto vários exemplos disso. Mesmo o aluno de Ensino Médio tem de saber refletir sobre os problemas sociais - afirma a professora.
No pouco tempo que falta até a prova, a professora de redação e literatura do Colégio Farroupilha Carmen Gobbato Ruaro Garcia recomenda que os candidatos se posicionem por escrito sobre temas variados. Para tanto, vale ler editoriais de jornais, por exemplo, e escrever se concorda ou não com o autor, e por quê. Argumentando com clareza, lendo diferentes fontes e sempre tomando cuidado com a ortografia e a gramática, a prática ajuda a chegar preparado para a prova.