Copa 2014

Palavra dos colunistas

O que significa a volta de Dunga à Seleção Brasileira

Dunga será o substituto de Felipão no ciclo da Copa de 2018

Ricardo Duarte / Agencia RBS

Dunga será anunciado no final da manhã desta terça-feira como o novo técnico da Seleção Brasileira. Os colunistas de Zero Hora falam sobre a escolha do treinador, que já comandou o time nacional entre 2006 e 2010.

David Coimbra: uma velha novidade

O que significa a volta de Dunga para o comando da Seleção Brasileira? Nada. Ou antes: significa que nada mudou, nem mudará. Se levar uma surra de 7 a 1 numa Copa disputada em território nacional não provoca mudanças, o que provocaria? A direção da CBF apostou numa solução antiga. Pode até dar certo, mas é antiga, já foi tentada. O que é natural: por que algo mudaria, se os mesmos estão tomando as decisões?

Diogo Olivier: não era hora para a segunda chance de Dunga

Toda sorte do mundo para Dunga, um homem trabalhador, sério e bom técnico. Ele tem um lado que  admiro em ex-atletas: o envolvimento em causas sociais sem a mídia sequer suspeitar. Não busca autopromoção. Em um país desigual como o nosso, ídolos do esporte têm obrigação de dar o exemplo. Não muda a vida do Brasil, mas pode transformar a vida de quem está perto da gente, e isso é muito. Admiro Dunga, ainda, pela maneira como suportou aquela campanha para torná-lo o Barbosa da segunda metade do século, antes do Tetra em 1994.

Mas não era hora de receber sua segunda chance na Seleção. A Seleção deve receber os melhores e, no atual cenário, o melhor técnico brasileiro é Tite. Que já foi campeão estadual, nacional, continental e mundial por clubes diferentes. E - detalhe fundamental - montando times com esquemas táticos variados. Mas a CBF nem sempre elege os melhores. Questões políticas e até de amizade interferem nas escolhas de mérito, como se confiar neste ou naquele bastasse. Tenho sempre a impressão de que, na CBF, as equipes são montadas, antes de mais nada, para evitar fogo amigo ali adiante.

Wianey Carlet: o futuro da Seleção será plantado

A CBF elegeu Dunga para ser o semeador de mudanças que não podem mais ser proteladas. Não será, certamente, tarefa para um homem só. Dunga precisará contar com afinada e competente assessoria para desenvolver um projeto que leve à reabilitação do futebol brasileiro. Por onde começará este trabalho, só o treinador poderá dizer. E, espero que diga, antes do meio-dia. O Brasil terá este ano mais alguns amistosos da Seleção. Será imperioso que não se cobre resultados imediatos. Não se reconstrói um sonho da noite para o dia. Dunga comandará o processo de campo mas será preciso que a CBF contribua com decisões institucionais que inibam o êxodo de jovens promissores. Se a entidade nacional não tiver poder suficiente para inibir o mercantilismo instalado, que tente mudar a situação oferecendo sugestões à Fifa. Algo precisa ser feito. Se não conseguirmos reter, por algum tempo, nossos talentos emergentes, será quase impossível, projetar um futuro melhor para o nosso futebol.

Luiz Zini Pires: o Dunga do Inter

A passagem de Dunga pelo Inter - janeiro a outubro do ano passado - não deixou saudades. O treinador arrumou atritos em todas as áreas no Beira-Rio, da rouparia à presidência. Sempre reclamou muito das categorias de base do clube. "Ele dizia que tudo era ruim", lembrou um dirigente. Dunga não promoveu a integração entre a comissão técnica, os jovens e seus técnicos da base. Ele ignorava as orientações dos dirigentes quando pediam para apostar mais em determinado garoto. Chamado para o diálogo, não aceitava.

Mas elogiam seu profissionalismo. Sua honestidade também é destacada. O que os funcionários antigos mais notavam no dia a dia de Dunga era a sua falta de experiência no cargo.

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