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União polêmica

Começa cerimônia do casamento gay em Livramento

Evento foi transferido de CTG para fórum, que foi decorado com motivos gauchescos e a bandeira da causa homossexual

Pouco antes, prestes a começar a cerimônia do casamento coletivo em Santana do Livramento, um dos casais chegou ao fórum no típico estilo gaúcho: ela de charrete e ele, de cavalo. A dona de casa Kelly dos Santos, 30 anos, trajava vestido de noiva, enquanto o apicultor Fabio Correa Charão, 30 anos, estava pilchado. Eles preservaram o estilo que haviam definido para o casamento no CTG da cidade, que foi transferido para o fórum. Os dois vivem juntos há oito anos e têm três filhos.

Carlos Macedo / Agência RBS

Acompanhado pela música Céu, Sol, Sul, Terra e Cor, o patrão do CTG Sentinelas do Planalto, Gilbert Gisler, o Xepa, entrou ao lado da juíza Carine Labres no salão do fórum de Santana do Livramento, onde ocorre o casamento coletivo de 28 casais - incluindo um casal homossexual. A seguir, foi iniciada a marcha nupcial, quando os casais entraram. Por último apareceram Solange e Sabriny, a primeira vestida de noiva e a segunda, de smoking. Foram amplamente aplaudidas no salão.

Depois de uma hora de discursos de autoridades, Solange e Sabriny foram as primeiras a casar, por volta das 17h15min. Sob o juiz de paz, disseram "sim" e trocaram um beijo. Outra vez, foram aplaudidas intensamente. Na sequência, os outros casais oficializaram a união.

A ministra dos Direitos Humanos, Ideli Salvatti, enalteceu o casamento de Solange e Sabriny e afirmou que a união vai servir de debate nacional. Já o desembargador José Aquino salientou que o Judiciário tem o propósito de "pacificar" o caso.

- A lei já prevê o casamento homossexual, e o Estado não pode retroceder - disse Aquino.

A cerimônia havia começado poucos minutos depois das 16h deste sábado no fórum do município. O casamento coletivo resultou em polêmica nacional ao prever a união de um casal gay, entre outros heterossexuais, em um Centro de Tradições Gaúchas (CTG). O evento foi transferido para o fórum da cidade - com direito a decoração com cores da bandeira gaúcha e do movimento gay - depois de um incêndio consumir cerca de 40% da estrutura do CTG.

A juíza Carine se pronunciou logo no início do evento. Ela disse que o ataque ao CTG foi a representação de "uma espécie de inquisição medieval".

- Que tipo de medo foi acionado quando se anunciou a cerimônia dentro de um CTG? - quastionou.

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Autoridades compareceram ao evento, entre elas a ministra dos Direitos Humanos, Ideli Salvatti. Ela disse que a cerimônia serve "para dizer que no Brasil não se pode admitir preconceito e violência contra qualquer cidadão". Enquanto se aguarda que o Congresso Nacional defina a homofobia como crime, a lei contra o racismo pode ser utilizada para punições, salientou a ministra.

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