
Foram indiciadas nesta segunda-feira seis pessoas envolvidas em uma fraude na obtenção de vagas em creches em Canoas. De acordo com a Delegacia Fazendária do Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC), os suspeitos foram enquadrados por cinco crimes: estelionato contra administração pública, uso de documento falso, falsidade ideológica, fraude processual e participação em organização criminosa.
De acordo com o delegado Daniel Mendelski, uma sétima pessoa, ligada a uma creche, foi indiciada separadamente, pelos crimes de uso de documento falso e falsidade ideológica. Os nomes dos envolvidos no esquema não foram divulgados pela Polícia Civil.
O grupo ingressava com ações na Justiça pleiteando vagas em creches municipais, segundo a polícia. Quando não era possível, a Justiça destinava um valor indenizatório para que o interessado buscasse uma creche privada. A instituição escolhida era de propriedade de um dos suspeitos, que embolsaria o valor sem beneficiar nenhuma criança.
Fraude com vagas teve início quando creche foi criada
Prefeitura de Canoas anuncia sindicância para apurar fraude
Leia mais notícias sobre polícia
Em 12 de agosto, a Delegacia Fazendária desencadeou uma operação para coibir a fraude. Quatro pessoas foram presas e três foram conduzidas para prestar esclarecimentos.
A cada criança que deixava de frequentar a creche pela qual tem direito, a quadrilha lucrava R$ 500 por mês, segundo cálculos da polícia. Isso porque, sem vagas à disposição via prefeitura, a família utilizava do serviço de um escritório de advocacia para cobrar na Justiça um valor indenizatório para matricular a criança no serviço de educação. Porém, ao receber o direito ao dinheiro, os familiares jamais viam a quantia - e o filho ou a filha nunca frequentaram a instituição.
A quantia total que a fraude atingiu ainda está sendo investigada pela polícia. Porém, com os dados divulgados, pode-se estimar que o grupo tenha embolsado até R$ 20 mil por mês - já que a Justiça autorizava o repasse de R$ 500 por mês para pagamento da creche de cada criança, e, até o momento, já foram comprovadas 40 famílias lesadas. A polícia ainda apurou que a creche comandada pelo grupo possuía más condições.
Entenda melhor o esquema
Famílias de baixa renda tentariam conseguir vaga em escolas de educação infantil (já que a rede pública de Canoas tem déficit) supostamente por intermédio do suplente de vereador Ricardo Maciel e do irmão dele.
Documentos dos interessados seriam repassados ao advogado Alcides Wendel Lima e ao bacharel em Direito Axel Rodrigues Pimentel, que atua com ele, de acordo com as investigações. Conforme a polícia, eles ingressariam com ações para embolsar o dinheiro da prefeitura destinado ao pagamento de vagas na rede privada.
Leia todas as últimas notícias de Zero Hora
A dupla indicava na ação sempre a mesma creche, da qual o bacharel em Direito é sócio. Com documentos dos interessados em mãos, a dupla sacaria os valores e os embolsaria - normalmente R$ 500 por criança a cada mês.
A suspeita surgiu na Justiça devido ao excesso de ações envolvendo o mesmo advogado e a mesma creche. A polícia investiga casos em que as famílias beneficiadas nem sabiam da existência da ação. A dupla teria falsificado procurações.
Escritório de advocacia ofereceria ações indenizatórias a famílias carentes que não conseguiam vagas em creches
Foto: Polícia Civil, Divulgação
