
No Dia Internacional dos Direitos Humanos, marcado pela entrega do relatório da Comissão Nacional da Verdade (CNV), foi anunciado o projeto de tombamento do casarão de número 600 da Rua Santo Antônio, em Porto Alegre. A ideia é que se transforme o antigo centro clandestino de tortura em um memorial para preservar e difundir a memória da resistência à ditadura militar (1964-1985).
O casarão do bairro Bom Fim, conhecido como Dopinha, começou a ser utilizado em torturas e desaparecimentos forçados para não comprometer os órgãos oficiais do Exército. No início da década de 1970, o espaço teria deixado de servir para violações dos direitos humanos.
- Porto Alegre ainda tem muitos sítios, inclusive ocultos. O prédio da Santo Antônio é uma coisa misteriosa, porque foi antes do Ato 5. Então, era uma espécie de clandestinidade do próprio Exército, com funcionários civis do Estado - conta o músico Raul Ellwanger, integrante do Comitê Carlos de Ré, de defesa da justiça de transição e dos direitos humanos.
Veja no que a Comissão da Verdade não conseguiu avançar
Baixe o relatório na íntegra do site da Comissão da Verdade
Conforme a prefeitura, o tombamento do local foi decidido em uma reunião do Compach (conselho municipal que delibera acerca de assuntos referentes a patrimônio histórico e cultural). O projeto define que o Executivo municipal seja responsável pelo tombamento, enquanto o estadual recupere a construção e instale o memorial.
O casarão levará o nome de Luiz Eurico Tejera Lisboa.
- É uma maneira de homenagear um jovem porto-alegrense que diziam estar desaparecido, mas que se comprovou ter sido assassinado e ocultado - conta Ellwanger, que foi militante clandestino, condenado e exilado.
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*Zero Hora