Para que a adoção de soropositivos deixe de ser exceção no país, o Instituto Amigos de Lucas luta para que os candidatos a pais possam visitar os abrigos. Conforme a presidente da organização, Maria Rosi Marx Prigol, a medida é permitida em algumas comarcas e pode contribuir para que crianças com HIV recebam um lar adotivo.
Leia mais reportagens da série:
Porto Alegre desponta como a cidade campeã em número de casos de aids
Adoção de crianças com HIV ainda é exceção no país
"Ela terá de vencer muitos preconceitos", diz mãe que adotou soropositiva
Transmissão do HIV de mãe para filho pode ser evitada
- Ver os abrigados pode fazer os pais mudarem o perfil de "criança desejada" para a "criança real". Falta sensibilidade do Judiciário - informa Rosi.
A juíza substituta do 2° Juizado da Infância e Juventude de Porto Alegre, Vera Lúcia Deboni, discorda da presidente da ONG. Magistrada com atuação na área da infância desde 1995, Vera relata que a visita desses casais em abrigos pode induzir à adoção de filhos fora do perfil desejado sem um preparo necessário. A ação, conforme a juíza,
pode refletir na devolução de crianças, que gira em torno dos 10% atualmente.
Falhas na rede impedem que crianças deixem abrigos, diz juíza
Mutirão deve diminuir permanência de crianças em abrigos
RS recebe sistema eletrônico que pode agilizar adoções
- Tenho convicção que não podemos tratar essas crianças como se elas estivessem em "oferta" para a adoção. Não são adultos em busca de filhos, são crianças em busca de pais - afirma Vera.
Autorizar a visitação em abrigos de casais habilitados à adoção seria inverter essa lógica, conforme a magistrada. Vera concorda que a adoção de soropositivos é exceção no país, mas relata que o caminho para mudar o quadro é o investimento em campanhas de conscientização sobre o HIV.
Falhas no sistema tiram chances de adoção de 10% das crianças
Abrigos públicos para crianças são insalubres em Porto Alegre
MP pode interditar abrigos caso irregularidades não sejam resolvidas