
A quinta-feira pode mudar, fora dos gramados, os rumos do Brasileirão. Um mês depois de ser absolvido em primeira instância pela escalação irregular do jogador Petros, o Corinthians volta ao Tribunal, a partir das 10h, para se defender no Pleno do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). A dupla Gre-Nal entrou com o pedido de recurso como parte interessada - os clubes gaúchos brigam com o paulista por vaga na Libertadores.
Confira a tabela do Brasileirão
Se o Corinthians for punido
O julgamento desta quinta-feira terá Flávio Zveiter como auditor. Se, desta vez, o Corinthians for considerado culpado, pode ser multado em até R$ 100 mil e perder quatro pontos no Brasileirão - um pelo empate no jogo em questão e três pela escalação irregular. A Procuradoria do STJD sugere que, se houver multas, o valor seja doado à organização Médicos Sem Fronteiras.
Atualmente, o Corinthians ocupa a terceira colocação do Brasileirão, com 66 pontos - seguido por Inter, com 63, Atlético-MG, com 61, e Grêmio, com 60. Se for punido, o time paulista cai para o quarto lugar, com 62 pontos, atrás do Inter e consideravelmente mais perto de Atlético e Grêmio a duas rodadas do fim do campeonato.
O caso Petros
Petros estava emprestado ao Corinthians pelo Hortolândia, equipe do interior paulista. Quando contratado em definitivo, assinou o novo vínculo no dia 1° de agosto, sexta-feira. Pelas regras vigentes, o documento passaria a valer no dia seguinte. Na visão da Procuradoria, o dia seguinte citado seria a segunda-feira, dia 4 - próximo dia útil. Como Petros entrou em campo no domingo, dia 3, no empate em 0 a 0 com o Coritiba, teria jogado de forma irregular. Contudo, o registro do jogador no Boletim Informativo Diário (BID) já foi publicado no dia 1°.
Assim, o Corinthians alegou que tinha dos dois requisitos básicos para colocar um jogador em campo: contrato vigente e liberação no BID. Marco Polo Del Nero, presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF) e futuro presidente da CBF, isentou o clube de culpa e afirmou que o problema tinha sido causado pela falha de uma funcionária da FPF no preenchimento de documentos. A defesa do Corinthians argumenta que fez o registro devidamente e que, se houve falha, foi nos procedimentos das federações.
No primeiro julgamento, o clube foi considerado inocente. Os punidos foram a FPF e a CBF, multados em R$ 10 mil. À época, o clube paulista postou nas redes sociais mensagens de ironia à dupla Gre-Nal - e sobretudo ao Inter, fazendo referência a um DVD que o clube enviou à CBF com supostos erros de arbitragem que prejudicaram o clube.
Desesperança de Felipão
No domingo passado, o Grêmio perdeu para o próprio Corinthians, em São Paulo. Como a diferença entre os times passou a ser de seis pontos, o Grêmio só ultrapassa o adversário se vencer os dois jogos que restam, contra Bahia e Flamengo, e torcer para que os paulistas percam para Fluminense e Criciúma. Como a combinação de resultados é improvável, o técnico Luiz Felipe Scolari foi questionado sobre a possibilidade do rival perder pontos e facilitar a busca gremista por uma vaga na Libertadores. Mas mostrou desconfiança.
- Tu acreditas nesse julgamento? Vai é ganhar quatro pontos. Esquece, isso já está ensaiado. Esse julgamento é bobagem - disse Felipão, na entrevista coletiva posterior ao jogo.
Ano de polêmicas jurídicas para Petros
Em um jogo pela 14ª rodada do Brasileirão, Petros deu uma trombada no árbitro Raphael Claus. Inicialmente punido com base no artigo 254-A (agressão) e suspenso por 180 dias, o jogador conseguiu, no recurso, desclassificar a denúncia da Procuradoria e enquadrá-la no artigo 258 (assumir qualquer conduta contrária à disciplina ou à ética desportiva não tipificada pelas demais regras do CBJD), reduzindo a pena para apenas três jogos.
Outros casos de perda de pontos em Brasileirões
São Paulo (1999) - uma pendência jurídica na contratação de Sandro Hiroshi fez o São Paulo perder três pontos pela escalação irregular do jogador em uma partida contra o Botafogo a pontuação foi repassada ao clube carioca. Com isso, o Gama acabou rebaixado no lugar do Botafogo. O clube brasiliense não aceitou a decisão e foi até a Justiça Comum para resolver o caso. No fim das contas, o impasse entre Justiça Comum e Justiça Desportiva impediu a CBF de realizar o Brasileirão de 2000, que acabou organizado pelo Clube dos 13 - a Copa João Havelange, que teve 116 clubes divididos em três módulos.
Ponte Preta e Paysandu (2003) - No primeiro Brasileirão por pontos corridos, foram dois casos de escalações irregulares. A Ponte colocou ilegalmente em campo o jogador Roberto nas partidas contra Inter e Juventude. O Paysandu escalou de forma irregular os jogadores Aldrovani e Junior Amorim contra Corinthians, Ponte Preta, São Caetano e Fluminense. Além de Ponte Preta e Paysandu perderem os pontos conquistados nas partidas, Inter, Juventude, Corinthians, Ponte, São Caetano e Fluminense ficaram com as pontuações.
São Caetano (2004) - Pela morte do zagueiro Serginho, o São Caetano foi considerado negligente e acabou punido com a perda de 24 pontos. O time, que terminar em quinto lugar, com 77 pontos, acabou em 18°, com 53, a três da zona de rebaixamento.
Brasiliense (2005) - A chamada Máfia do Apito não foi a única confusão do Brasileirão de 2005. O Brasiliense, que havia sofrido uma punição e teria que jogar com portões fechados, vendeu ingressos para uma partida contra o Vasco. O clube carioca acionou a Justiça, ganhou dois pontos extras e retirou o ponto do empate do time da capital federal.
Grêmio Prudente (2010) - O zagueiro Paulão foi escalado de forma irregular na partida contra o Flamengo, na terceira rodada do Brasileirão. O clube paulista perdeu três pontos - não havia somado pontos no jogo. O Flamengo manteve sua pontuação conquistada no campo.
Portuguesa e Flamengo (2013) - Os dois clubes foram punidos pelas escalações irregulares de Héverton e André Santos, respectivamente, na última rodada. A Portuguesa, que havia terminado o campeonato com 48 pontos, caiu para 44 e perdeu a posição para o Fluminense. Assim, terminou em 17° lugar e foi rebaixado à Série B. O Flamengo, que tinha 49, ficou com 45, também ultrapassado pelo Fluminense, mas se manteve na elite, em 16° lugar.
*ZHESPORTES