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Técnico do Santos, Dorival Júnior atende à ligação de Zero Hora e, já na primeira frase, deixa clara a sua admiração por Léo Moura, seu jogador no Flamengo, em 2013, e reforço confirmado na última segunda-feira pelo Grêmio:
– Ele pertence a uma categoria de jogador diferenciado. Aqui, no Santos, também temos alguns exemplos, como Renato e Ricardo Oliveira. Como Léo Moura, são jogadores que se entregam muito mais à profissão do que a maioria.
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É o senso profissional que permite ao lateral manter-se ativo aos 38 anos e ser visto por Renato Portaluppi não apenas como uma alternativa no banco de reservas, e, sim, como um candidato em potencial a ganhar vaga em um time montado desde o ano passado e incensado pelo título de pentacampeão da Copa do Brasil.
– Nada acontece por acaso. Ninguém permanece jogando aos 38 anos porque passou a se cuidar apenas a partir dos 37. Desde o início, Léo Moura se cuidou. Certamente já começou a direcionar a sua carreira aos 15 anos – destaca Valdir Espinosa, coordenador técnico do Grêmio e um dos responsáveis pela indicação do jogador à diretoria.
Léo Moura passou a maior parte da carreira no Flamengo, clube que deixou em março de 2015. Passados 10 anos desde a chegada à Gávea, com 518 partidas e títulos de expressão, como duas Copas do Brasil (2006 e 2013) e um Brasileirão (2009), julgou que era o momento de partir. Só que, nesta semana, em entrevista ao canal SporTV, reconheceu que precipitou-se na decisão.
No Fort Lauderdale Strikers, dos Estados Unidos, que defendeu entre março e julho de 2015, foram só 10 partidas, com dois gols. Nesse período, tantas foram as vezes em que manifestou o desejo de voltar ao Brasil que o clube concordou com uma rescisão amigável.
Para não ficar parado no resto da temporada de 2015, Léo Moura acertou-se com o FC Goa, da Índia, treinado por Zico, e lá atuou entre outubro e dezembro. Em janeiro do ano passado, por convite de Valdir Espinosa, foi disputar o campeonato catarinense pelo Metropolitano, de Blumenau.
– Eu precisava colocar experiência no Metropolitano, e ele entendeu perfeitamente. Treinava com a mesma disposição dos garotos. Um fato que chamou a atenção para um jogador de seu currículo – diz Espinosa.
A passagem pelo clube catarinense também foi curta. Léo Moura ficou por um mês, disputou seis jogos e, já em março, retomava sua trajetória na Série A com a camisa do Santa Cruz, de Recife, último estágio antes da vinda para o Grêmio.
Já em 2013, diz Dorival Júnior, era possível perceber a polivalência do jogador.
– Ele era uma das peças mais importantes da equipe. Além de lateral, atuava como segundo volante, meia e atacante. É jogador de condição técnica muito boa – avalia o treinador do Santos.
Essa mesma capacidade de conseguir atuar em mais de uma posição também é valorizada por Valdir Espinosa.
– Ele pode executar três ou quatro funções.
É lateral, pode ser um dos dois volantes, jogar como um dos armadores na linha de três e no esquema com duas linhas de quatro – exemplifica.
A liderança, outra virtude que treinadores e jogadores apontam em Léo Moura, converteu-o em capitão da equipe do Flamengo. Era ele quem usava a braçadeira na conquista do título da Copa do Brasil de 2013, contra o Atlético-PR. Executivo de futebol do clube carioca naquela conquista, Paulo Pelaipe destaca a preocupação do jogador em cumprir todas as funções.
– É um profissional exemplar. Tem uma ótima relação com o grupo. É o tipo do jogador que soma. Será muito útil ao Grêmio – aposta Pelaipe.
É Zé Roberto, 42 anos, quem serve de inspiração para Léo Moura. Na chegada a Porto Alegre, o reforço sorriu ao dizer que está magrinho e ainda pretende prolongar por bom tempo a carreira. Ser chamado para o Grêmio em um momento em que chegou a ser apontado como um jogador em fim de carreira soa como uma resposta.
– Muita gente não acreditava que eu poderia voltar para um clube de elite, como o Grêmio. Um clube de ponta e que vai disputar mais uma Libertadores – observa.
No Flamengo campeão brasileiro de 2009, Léo Moura fazia parceria afinada dentro e fora de campo com Ronaldo Angelim. Avesso a visitar a casa de companheiros de equipe, o ex-zagueiro só abria uma exceção quando o convite era feito por Moura, que define como um "amigão".
Autor do gol do título daquele ano, em jogo da última rodada contra o Grêmio, Angelim, hoje com 41 anos, acredita que a experiência de Léo Moura será decisiva para o crescimento dos jogadores mais jovens do time gaúcho.
– Depois me liga para dizer se não é verdade tudo o que eu falei – cobra o ex-jogador, que largou a carreira há três anos e hoje cuida de negócios particulares em Juazeiro do Norte, interior cearense.
A torcida do Grêmio espera que Angelim, Dorival Júnior, Valdir Espinosa e Paulo Pelaipe estejam com a razão.
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