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O final de semana marcou o início de mais uma Divisão de Acesso, o maior e melhor campeonato de futebol do mundo. Infelizmente, seguimos com a proibição da venda de bebidas alcoólicas nos acanhados e modestos estádios do nosso Interior.
Minha intenção não é o de fazer apologia ao consumo da cerveja. Isso eu deixo para as criativas campanhas de publicidade que dominam a mídia. Porém, os pequenos clubes profissionais estão sendo prejudicados há anos com a perda de uma das suas maiores fontes de renda.
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Em vez de punir a minoria baderneira que comete excessos, estão tirando a liberdade de escolha da maioria dos torcedores.
Vou citar o exemplo do Estádio dos Plátanos, casa do Futebol Clube Santa Cruz, local que frequento praticamente desde que nasci. A 10 passos do portão de entrada há uma distribuidora de bebidas. Muitos torcedores já se reúnem ali horas antes das partidas. Bebem tranquilamente e depois vão assistir ao jogo. Renda que poderia ser do clube.
No tempo em que a venda era autorizada, nunca vi qualquer incidente ocorrer ali. No máximo, algumas figuras folclóricas que incomodavam o bandeirinha no alambrado. O torcedor que vai ao estádio para criar confusão o fará de qualquer jeito. Para se ter uma ideia, o laudo autorizado pelo Corpo de Bombeiros permite apenas 2.490 torcedores nos Plátanos. E como resultado da proibição, hoje o público não chega a 500 na maioria das partidas, com exceção dos clássicos locais.
Outra situação criada: o futebol amador, em que é permitido o consumo de cerveja, roubou boa parte do público. O detalhe é que, nos Plátanos, são exigidos laudos de todos os tipos, presença da Brigada Militar, ambulância com UTI. No amador, nada disso. Onde existe mais segurança?
Entendo que talvez seja difícil controlar mais de 50 mil torcedores em uma Arena do Grêmio ou no Beira-Rio – embora a venda de bebidas alcoólicas ocorra à vontade na porta de entrada, e a Copa do Mundo nos provou que o brasileiro sabe torcer e beber civilizadamente. Mas é necessária uma flexibilização quando falamos de estádios com 500 pessoas, em cidades do Interior. Em campeonatos sem cotas de TV e poucas oportunidades de publicidade, a cerveja é uma grande aliada dos clubes.