
O advogado criminal Augusto de Arruda Botelho, que integra o núcleo de defesa da Odebrecht, afirmou nesta quarta-feira que o bilhete manuscrito do presidente da empreiteira, Marcelo Odebrecht - no qual ele consta a frase "destruir e-mail sonda" - contém "uma série de pontos a serem esclarecidos na sua estratégia, nas suas teses para a impetração de um habeas corpus". Para o advogado, "chega a ser infantil a acusação da Polícia Federal de que esse bilhete, esse termo, constitui a prática de um crime".
Marcelo Odebrecht foi preso sexta-feira, na Erga Omnes, nova etapa da Operação Lava-Jato, por suspeita de cartel e corrupção na Petrobras. A defesa vai ingressar com habeas corpus em favor do empreiteiro.
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Na manhã de segunda-feira, um policial federal de plantão na Custódia da PF de Curitiba (PR), base da Lava-Jato, encontrou com o empreiteiro manuscrito endereçado aos advogados de defesa. O bilhete foi copiado pela PF, mas o original ficou com os advogados.
Na noite de terça-feira, a própria defesa de Marcelo Odebrecht entregou petição à Justiça Federal com seus argumentos sobre o bilhete. Nesta quarta-feira, o delegado Eduardo Mauat, da força-tarefa da Lava-Jato, entregou sua comunicação sobre o bilhete ao juiz Sérgio Moro - que conduz as ações penais contra empresários supostamente envolvidos com esquema de propinas na estatal petrolífera.
- Primeiro, é importante deixar claro que foi a defesa de Marcelo Odebrecht quem, na data de ontem (terça), comunicou ao juiz Sérgio Moro os fatos que se passaram na carceragem da Polícia Federal de Curitiba - declarou nesta tarde o advogado Augusto de Arruda Botelho.
Segundo o criminalista, "durante uma conversa de Marcelo Odebrecht com seus advogados, Marcelo Odebrecht entregou um bilhete nas mãos de um agente da Polícia Federal e esse agente da Polícia Federal repassou o bilhete a seus advogados".
- Nesse bilhete havia uma série de pontos a serem esclarecidos na sua estratégia, nas suas teses, para impetração de um habeas corpus - acentuou Botelho. - Dentre esses pontos a serem utilizados no habeas corpus havia menção à destruição de um e-mail. Destruição nada mais é do que esclarecer o conteúdo do e-mail e aniquilar a interpretação equivocada que a Polícia Federal deu a esse e-mail.
- Esse e-mail serviu como base para o pedido de prisão de Marcelo, então é natural que esse e-mail precisaria ser contestado através de recursos judiciais. Então, destruir e-mail, me parece bastante claro, nada mais é do que contestar a equivocada interpretação que a Polícia Federal deu a esse e-mail.
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Augusto Botelho classificou como "infantil" a suposição de que o termo se referia à prática de um crime.
- Muito pelo contrário, é comunicação entre Marcelo e seus advogados, elencando mais uma vez pontos a serem utilizados em seu habeas corpus - assinala o criminalista.
- Não faz sentido algum alguém mandar destruir um e-mail que é público. Esse e-mail faz parte da representação que a Polícia Federal fez para pedir a prisão de Marcelo Odebrecht. Não faz sentido algum pedir a destruição de algo que é absolutamente público - concluiu.
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