
Responsável pelo inquérito da 14ª fase da Operação Lava-Jato, o delegado Eduardo Mauat da Silva informou, via ofício, ao juiz federal Sérgio Moro, que o presidente da Odebrecht, Marcelo Bahia Odebrecht, repassou aos seus advogados, de dentro da carceragem, um bilhete com conteúdo que gerou suspeita na Polícia Federal por citar a destruição de eventuais provas de crimes praticados em contratos com a Petrobras.
Mauat relatou que, na última segunda-feira, em torno das 10h, agentes que atuam na carceragem da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba receberam um "bilhete manuscrito das mãos do custodiado Marcelo Bahia Odebrecht". O papel deveria ser entregue aos advogados do executivo, que estavam no local.
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Mauat informou que, por medida de segurança, todas as correspondências são examinadas. Ao verificarem o bilhete, os agentes depararam com a expressão "destruir email sondas". A frase pode ser referência a uma das provas que levaram Marcelo Bahia Odebrecht para a prisão desde a última sexta-feira.
Em uma troca de correspondências eletrônicas coletadas pelos investigadores, o executivo discute negócios com um então diretor da Braskem, braço petroquímico da Odebrecht. Em determinado ponto da conversa, o interlocutor de Marcelo Bahia Odebrecht cita a colocação de sobrepreço de US$ 20 mil a US$ 25 mil ao dia na operação de sondas que seriam alugadas à Petrobras.
O delegado explicou que os agentes fizeram uma fotocópia do bilhete e, depois, o entregaram aos advogados. Mauat, posteriormente, solicitou a devolução do manuscrito, mas não foi atendido até agora.
"Partindo do princípio da boa-fé, malgrado a gravidade do tema, solicitamos aos profissionais que apresentassem a via original do documento", diz trecho do ofício do delegado.
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Na manhã de terça-feira, dois advogados da Odebrecht foram ao encontro de Mauat para ponderar que o verbo destruir se referia a uma estratégia processual, e não ao sumiço de provas. Eles ainda disseram que o documento original enviado por Marcelo Bahia Odebrecht havia sido levado a São Paulo por outro advogado. Eles, contudo, disseram que irão entregar o bilhete.
"(Os advogados) Foram informados que, independentemente da posição dos mesmos, havia clara possibilidade de ter havido orientação para a prática de conduta estranha à relação advogado-cliente e que aguardaríamos o documento original por 24 horas. Nada foi exibido até o momento", relatou o delegado ao juiz federal Sérgio Moro.
À tarde, o advogado criminal Augusto de Arruda Botelho, que integra o núcleo de defesa da Odebrecht afirmou que "chega a ser infantil a acusação da Polícia Federal de que esse bilhete, esse termo, constitui a prática de um crime".
- Nesse bilhete havia uma série de pontos a serem esclarecidos na sua estratégia, nas suas teses, para impetração de um habeas corpus - acentuou Botelho. - Dentre esses pontos a serem utilizados no habeas corpus havia menção à destruição de um e-mail. Destruição nada mais é do que esclarecer o conteúdo do e-mail e aniquilar a interpretação equivocada que a Polícia Federal deu a esse e-mail.
Marcelo Bahia Odebrecht foi preso na última sexta-feira, junto com outros 11 suspeitos, na 14ª fase da operação Lava-Jato, focada em supostos crimes de cartel, pagamento de propinas e superfaturamento de contratos das empreiteiras Odebrecht e Andrade Gutierrez com a Petrobras.
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