
O cirurgião oftalmologista Fernando Kronbauer diz que Cadu entrou na lista de transplante do Banco de Olhos há cinco meses. Na primeira oportunidade, não pôde comparecer. A primeira operação, no olho direito, ocorreu em 12 de maio, mas houve "certa complicação". A córnea veio de um banco hospitalar, tinha qualidade, mas não se adaptou.
- Não vingou, o que é possível ocorrer. Foi uma falência primária - esclarece Kronbauer.
Cadu regressou a Livramento esperançoso, mas continuou sem ver os retângulos coloridos das pandorgas, as letras no quadro-negro, as personagens da TV, o verde sem fim do pampa. Então, tornou-se paciente prioritário do doutor Kronbauer e realizou o segundo e exitoso transplante em 17 de junho.
- A córnea é um tecido vivo, doado por outra pessoa. Utilizamos um pedaço da córnea no transplante - diz o cirurgião.
Se não fizesse a operação, Cadu poderia ficar totalmente cego, nem vultos disformes veria. Kronbauer explica que a doença ceratocone deixa a córnea bicuda, em forma de cone. Para reverter, a solução é o transplante _ somente da córnea, não do olho.
Graças à conscientização de familiares de doadores mortos e aos avanços da medicina, o Banco de Olhos aumentou os transplantes. Foram 221 em 2013, contra os 188 do ano anterior. Kronbauer destaca que a fila de espera dos pacientes está praticamente zerada. A demora atual decorre do tempo necessário aos exames e preparativos.
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