Segurança

Rouba mais, paga mais

Risco de roubos responde por quase metade do custo do seguro de carros em Porto Alegre

Segundo sindicato de seguradoras, 42% do custo das apólices na capital gaúcha está relacionado às chances mais elevadas de furto e roubo

Caio Cigana

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Ostentar o indesejável título de capital brasileira de roubo e furto de veículos faz o morador de Porto Alegre proprietário de automóvel pagar bem mais pelo seguro de veículo. O município teve, em 2014, índice de 833,8 casos para cada 100 mil carros, de acordo com dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, publicado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

A pedido de Zero Hora, o Sindicato das Seguradoras no Rio Grande do Sul (Sindseg-RS) fez uma simulação para mostrar a diferença. O seguro de um Gol para um homem casado de 35 anos morador da Capital, por exemplo, sai por R$ 3.168. Se fosse de Santa Cruz do Sul, sairia 56% mais barato. Caso vivesse em Curitiba, 34% mais em conta. Grande parte da razão está no risco maior de o veículo ser levado. Em Porto Alegre, 42% do custo está relacionado às chances mais elevadas de furto e roubo. Nas outras cidades, o peso é bem menor (veja no quadro no fim da matéria).

O presidente do Sindseg-RS, Guacir de Llano Bueno, explica que o cálculo do preço se baseia simplesmente nos índices de incidência dos crimes. Se em uma região ou cidade há mais ocorrências, é natural que o fundo composto para pagar o seguro nos casos de furto e roubo seja maior. Por isso, é necessário aumentar o valor para todos os usuários daquela área.

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– Esse preço alto acaba como um limitador para muitas pessoas adquirirem o produto e ficarem protegidas. O ideal seria que mais pessoas tivessem o seguro – diz Bueno, lembrando que, desta forma, o valor unitário também seria menor.

O custo com seguro também pesa no setor de transporte. Apenas ano passado, foram R$ 1,12 bilhão roubados nas estradas, crescimento de 10% sobre o ano anterior, estima a Associação Nacional do Transporte e Logística (ANTT). No Estado, foram R$ 120 milhões. O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga e Logística no Rio Grande do Sul (Setcergs), Afrânio Kieling, afirma que, hoje, 20% do custo das transportadoras está ligada a questões relacionadas à prevenção de roubos, como seguros, monitoramento em tempo real de frota, rastreadores e, em alguns casos, contratação de batedores.

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– Investimos bastante para tentar minimizar esse problema, que tem se agravado bastante – diz Kieling.

No fim, o custo é repassado e o consumidor mais uma vez paga a conta.

Compare o preço do seguro de um Gol*

PORTO ALEGRE
Preço: R$ 3.168
Peso do risco de furto/roubo: 42,65%

SANTA CRUZ DO SUL
Preço: R$ 1.384
Peso do risco de furto/roubo: 9,6%

CURITIBA
Preço: R$ 2.078
Peso do risco de furto/roubo: 30,85%

* Simulação do Sindseg-RS para um homem casado de 35 anos

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